Barragem Taquarembó reiniciará em abril num “ritmo forte"


 Em entrevista exclusiva realizada na terça-feira passada (14), no Programa Silvio Bermann, apresentado pela Rádio Sulina, o diretor do Departamento de Irrigação da Seapi (Secretaria de Agricultura, Pecuária e Irrigação do Estado do Rio Grande do Sul), Gerson Diefenthaeler Herter, admitiu que, atualmente, a Barragem Taquarembó conta, no canteiro de obras, apenas com uma empresa de vigilância atuando, mas anunciou que “(...) Em abril, pretendemos retomar a obra num ritmo forte”, acrescentando que o novo cronograma prevê que a construção da mesma se estenda por mais 12 meses. O empreendimento, disse Herter, foi paralisado em meados de janeiro deste ano, depois que, durante uma reunião realizada em 21 de dezembro de 2016, em Brasília, houve uma demanda da CGU (Controladoria-Geral da União – órgão do governo federal responsável pela defesa do patrimônio público), repassada ao Ministério da Integração Nacional, “(...) que exigia uma série de informações sobre a obra, coisas desde 2008 de uma obra que já teve duas empresas responsáveis pela mesma, a Odebrecht, num primeiro momento, e agora a Sanenco, então imaginem a papelada que tinha de juntar”, referiu.

Diretor Gerson Herter
 Herter utilizou a expressão: “Eu havia assumido (o cargo) há uns 20 dias e já peguei o ônibus incendiando”. Explicou que estava, naquele momento, praticamente sozinho na Pasta, uma vez que a equipe anterior havia sido exonerada dos cargos. “Queriam (o Ministério da Integração) todas as documentações sobre modificações ocorridas na obra. Fiquei um mês juntando documentos e negociando com a Sema (Secretaria de Estado do Meio Ambiente) e a Fepam. O que está errado deveremos consertar. No dia 21 de fevereiro entregamos outra documentação e optamos por deixar só a vigilância na obra”, destacou.

ALTERAÇÕES E PROTELAÇÕES

 O diretor de Irrigação revelou que existiam questões que há dois anos não foram respondidas ao Ministério da Integração, e nesse período houve quem dissesse que os usuários foram os culpados por terem feito modificações no projeto, que estavam discutindo a quota de tomada de água, o que implicaria num aumento de valor da mesma. "Entre as alterações que foram feitas está, por exemplo, o aumento dos canais, proposto pela Ausm (Associação dos Usuários da Água do Rio Santa Maria). Mas isso foi para o bem da obra. Isto é como o pai que vai dar uma bicicleta para o filho e este diz: - Pai, mas assim eu vou cair, quero que o senhor coloque rodinhas para eu me equilibrar melhor. É assim”, ilustrou.

FALTOU FISCALIZAÇÃO
    
 Um dos problemas apontados pela CGU e o Ministério da Integração, sobre a Barragem Taquarembó, é que a obra passou determinado período sem fiscalização. Na época em que a construtora era a Odebrecht, a fiscalização ocorria pelo consórcio das empresas Magna/STE. Já a Sanenco começou sua etapa de construção em maio de 2014, o que estendeu-se até dezembro só recompondo o canteiro de obras. Mas, depois, uma nova licitação para a fiscalização teve como vencedor o mesmo consórcio, tendo sido anulada a referida licitação porque a empresa Magna, que estava sendo investigada, não podia participar de contratos públicos. Resultado: houve um período em que a obra realmente ficou sem fiscalização.  “Mas, nessa fase, de aproximadamente 2 anos, a atividade da Sanenco foi muito pequena. Tudo isto estamos explicando”, ainda diz o diretor, complementando que, já de junho a dezembro de 2016, a empresa STE (sozinha) foi contratada emergencialmente para fiscalizar a obra. E, agora, será emitida uma carta-convite para nova contratação emergencial, pelo período em que estiver tramitando uma licitação que escolherá a empresa para fiscalizar a obra até o seu final.

COMPLEMENTANDO
     
 Em síntese, atualmente, a Barragem Taquarembó está paralisada por dois motivos básicos: não há recurso liberado para tocar a obra (enquanto as explicações apresentadas não forem aceitas), e espera-se que novo aporte seja feito, pelo governo federal, nos próximos 15 dias, segundo o diretor de Irrigação do Estado; e, ainda, mesmo que houvesse recurso já liberado não haveria fiscalização.

 “Falta, ainda, ser executado: 15% do maciço (a barragem propriamente dita), 3 dos 4 diques (1 já foi construído) e a ponte na RS 630.  Já foram consumidos R$ 60 milhões durante o período em que a construtora foi a Odebrecht; e existem outros R$ 76 milhões para terminar a obra, já com a Sanenco, totalizando um investimento de R$ 136 milhões. Daqueles R$ 76 milhões que serão pagos à Sanenco, R$ 20 milhões já foram gastos, restando ainda R$ 56 milhões para serem aplicados”, conclui o diretor Herter.

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