Pedritense se prepara para escalar o Everest

Pedritense hoje nos EUA
 se prepara para escalar o Everest

 O nome dele é André L. Prati, 44 anos, nascido em Dom Pedrito no ano 1972 e hoje radicado nos Estados Unidos. Seu atual projeto de vida tem a sugestiva denominação de Do Fundo do Poço ao Topo do Mundo, numa referência ao estado de depressão que já enfrentou e seu projeto de escalar o Monte Everest, local mais alto do planeta, o que somente acontecerá em 2019, mas já é objeto de sua preparação física e técnica. Em agosto deste 2017, André deverá escalar o Monte Rainier, o 2º ponto mais alto dos EUA, próximo ao Canadá. Confira o que ele nos diz, entrevistado pela Internet mas já anunciando sua vinda a Dom Pedrito no próximo mês de julho:

- Folha da Cidade: Em que ano e circunstâncias foste para os Estados Unidos?
- André Prati: Estudei nas Escolas Urbano das Chagas e Nossa Senhora do Patrocínio. Após concluir o segundo grau em 1990 decidi partir para buscar melhores oportunidades não oferecidas na cidade. Fui para Cascavel –PR, onde fiquei por 2 anos, e depois Curitiba, por 3 anos. Após uma breve estada de 6 meses no Rio de Janeiro decidi emigrar para Nova Iorque, em 1996, onde estudei Comércio Exterior. Em 2001 mudei novamente, desta vez para uma cidade chamada Coral Springs, no sul da Flórida. Uma bela cidade residencial, muito verde, a 15 minutos do mar e clima tropical, e aqui baixei a âncora e permaneço até hoje. Me tornei um empresário do ramo de exportação, o que me permite viajar com frequência ao Brasil.

Em Guangzhou - China e Tóquio - Japão 2015 
- Folha da Cidade: Que projeto é esse de escalar o monte Everest, já tens um histórico de escaladas?
- André Prati:  Sim, vou escalar o Monte Everest, que talvez seja o mais difícil e perigoso desafio físico e mental que um ser humano pode enfrentar, por uma série de motivos. Exaustão extrema até mesmo para atletas de ponta, temperaturas de aproximadamente 40 graus abaixo de zero, risco constante de avalanches, tempestades e principalmente a Sindrome da altitude por haver apenas 1/3 de oxigênio no alto da montanha. Muitos são afetados pela síndrome e desenvolvem edema cerebral (inchaco do cérebro) ou edema pulmonar (líquido nos pulmões), o que na maioria dos casos é fatal. Isso tudo leva à estatística de 2 mortes para cada 10 alpinistas que conseguem chegar ao topo. Muitos são chamados de loucos por desafiar a montanha, mas o progresso no mundo vem da curiosidade humana e necessidade de explorar novos horizontes e, principalmente, nossos próprios limites. Afinal se não fosse a iniciativa de Cristovão Colombo e Pedro Álvares Cabral de se aventurarem no oceano rumo ao desconhecido  - onde muitos que se aventuravam no mar padeciam -,  o Brasil e as Américas seriam diferentes hoje. No meu caso específico, uma pequena semente foi plantada no meu coração quando Waldemar Nicleviks se tornou o primeiro brasileiro a chegar ao cume do Everest em 1995. Na época eu tinha 23 anos de idade, e pensei comigo mesmo: ‘Um dia eu vou chegar ao topo do Everest’.
 Porém era um sonho muito distante, devido, principalmente, à falta de conhecimento na área e ao custo muito alto investimento para meus padrões na época. Depois de ser um atleta escolar em Dom Pedrito na juventude e com ótimo desempenho, me tornei um sedentário. Até o começo deste ano, foram mais de 20 anos de sedentarismo e seus efeitos, como sobrepeso, falta de energia, falta de motivação, momentos de depressão, até chegar ao fundo do poço, física e mentalmente. Em marco deste ano decidi fazer algo a respeito e lembrei daquela semente plantada em 1995. Nada melhor para me motivar do que lançar um desafio tão alto (ou quase) quanto a profundidade do poço  em que me encontrara. Daí nasceu o projeto "Do fundo do poço ao topo do mundo".

Orfanato Mango Tree - Haiti 2017
Membro da Global Assistance Foundation
- Folha da Cidade: Quando vai acontecer tua escalada do Monte Everest e como está tua preparação para isso?
- André Prati: A data está marcada para abril de 2019. Parece muito tempo ainda, porém para um desafio desse nível é necessário uma preparação física e técnica especiais. Comecei os treinos físicos dia 16 de abril, com um preparador físico de ponta, chamado Tomal Clark. Ele também treina fisicamente o time de futebol americano Miami Dolphins, da primeira divisão americana. Em quase 2 meses o progresso foi enorme. Também com o acompanhamento de uma nutricionista esportiva, consultas e exames com médicos especialistas em altitude, fisioterapeutas... o treinamento segue um rumo muito profissional. A parte técnica e a preparação específica para o Everest também segue um cronograma já planejado. De 13 a 18/08 estarei na expedição que escalará o Monte Rainier, o segundo maior dos EUA. Fica localizado no estado de Washington, próximo ao Canadá. Em 31 de dezembro a escalada será do imponente Aconcágua, na Argentina, a montanha mais alta das Américas. As próximas 2 montanhas (ou 1) ainda não estão definidas, mas talvez seja o Mount Blanc, na França, ou o Kilimanjaro, na África. O último da fase de preparação será o Monte Denali, no Alaska, o monte mais alto dos EUA e deixado por último por ser o mais difícil.

André Prati, à esquerda, em sua casa
- Folha da Cidade: O que te diferencia de outros brasileiros que já escalaram (ou tentaram escalar) o Everest?
- André Prati: Meu desafio é diferente dos outros 16 brasileiros que escalaram o Everest,  já que todos eram alpinistas profissionais ou atletas e pessoas com vidas extremamente ativas fisicamente/esportivamente. Levantar do sofá depois de 20 anos e em 2 anos enfrentar a maior montanha do mundo, torna o desafio ainda maior. Se após a conclusão desse desafio eu tiver recuperado novamente o gosto da juventude e saúde em sua plenitude,  e se também puder motivar alguém a mudar para uma vida melhor, todo o esforço terá sido recompensado. Obrigado pela atenção de todos, principalmente em Dom Pedrito, onde nasci e visitarei em breve. Por qualquer informação podem me contatar no email (thatdoes@aol.com).

Postar um comentário

0 Comentários