Homem com distúrbios mentais preocupa moradores na Vila Argeni


 Este é o caso de Carlos Rodrigues, um homem de 41 anos de idade com distúrbios psíquicos. Carlos mora na Rua Davi Canabarro, próximo à vila Argeni. Nossa reportagem foi até o local e conversou com ele e com alguns vizinhos seus, que nos relataram um pouco de sua história.

 Ao que se sabe, Carlos sempre morou nesta residência com os pais, já falecidos e pelo menos um irmão. Ao fundo dessa mesma casa, ainda existe as ruínas do que um dia foi um salão de bailes construído pelo pai de Carlos, que até este tempo era uma pessoa dita normal, sem nehum comportamento que denotasse alguma patologia mental, a não ser pelo fato de ser uma pessoa bastante quieta. Carlos trabalhava nos bailes, como segurança, na copa, enfim, fazia de tudo. Com o passar do tempo, naturalmente seus pais já velhos, abandonaram as atividades, adoeceram e vieram a falecer com pouco tempo de diferença um para o outro. Só depois disso foi que Carlos começou a apresentar comportamentos estranhos, mais calado que o habitual, sentava-se em frente à sua casa, com uma cuia na mão, cheia de pedras, e segundo nos relataram, andava de um lado paro o outro, chegando a escorraçar à facão algumas pessoas que se aproximavam.

 Há uns dois anos atrás, aproximadamente, Carlos ateou fogo em sua própria casa, o que gerou grande preocupação aos moradores da vizinhança, que já vinham há tempo convivendo com a incerteza do que poderia acontecer. Por sorte, ninguém se feriu, nem mesmo Carlos, que nesta época estava bastante violento. Depois disso ele foi internado na Santa Casa de Caridade daqui, e também fez tratamento psiquiátrico em Pelotas. De retorno a Dom Pedrito, ele passou a ter acompanhamento através do Caps, onde ficava durante todo o dia para depois pernoitar no Albergue Municipal. Mas foi por iniciativa própria que ele abandonou as visitas à instituição e decidiu ficar no que sobrou de sua antiga casa, mesmo tendo sido incendiada, onde permanece até hoje, sem água, sem energia elétrica, e contando com a ajuda de vizinhos.

 Mesmo assim, o Caps seguiu fornecendo medicação diariamente a ele, enquanto um processo na Justiça não é concluído, onde busca-se um benefício para Carlos, que não conta com nenhum tipo de renda.

Wagner Oliveira
 Essas foram as informações que nos foram passadas por Wagner Oliveira, coordenador do Caps, que também disse não ser possível obrigar Carlos a abandonar sua casa, por mais imprópria que ela seja para morar. "A casa é dele, ele está medicado, e se o Carlos não estiver incomodando ninguém, não há nada que se possa fazer", pontuou Wagner. Para que Carlos possa receber um salário, um curador terá que ser nomeado. Seu irmão já teria sido sondado, mas declinou da responsabilidade, o que não chega a espantar, visto que nestas horas ninguém quer se responsabilizar, aliás, este parece ser um mal da sociedade atual, não querer ter responsabilidade por nada.

 O processo corre na Justiça e o caso de Carlos é apenas mais um onde a desagregação familiar faz brotar essas dolorosas feridas sociais. Como o dele, outros tantos casos, alguns latentes, outros ignorados, fazem parte da paisagem social da cidade e quase todos eles esbarram em um obstáculo que tem seus dois lados, positivo e negativo - o livre-arbítrio. Esta prerrogativa confere a todo o ser o direito de escolher o que fazer de sua vida, pelo menos até que esta decisão passe a interferir na vida de seus semelhantes. Somente a partir daí é que medidas podem começar a ser tomadas e no caso do protagonista desta história, é o que está sendo feito.

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